Sejam bem-vindos ! O objectivo deste blog é divulgar Artistas Portugueses que se enquadrem no movimento artístico contemporâneo, tendo como principais ferramentas de expressão: a Pintura ( meio que o blog privilegia), Desenho, Escultura, Instalação e Video-Art. O critério de selecção está directamente relacionado com o Conceito, Qualidade e Criatividade dos artistas, independentemente de estes serem conceituados ou não, no entanto a escolha tem como prioridade a selecção de artistas pouco conhecidos e por descobrir,mas que demonstrem uma verdadeira paixão pela arte, não esquecendo é claro a qualidade das suas propostas criativas.

....Arte Contemporánea por Artistas Portugueses....

...Contemporary Art by portuguese Artists....

21 dezembro, 2010

Inês d'Espiney


"...",  Acrylic on wood, ...x...cm, 2010

Na criação artística contemporânea, sempre existiu uma apropriação da tradição clássica, e de etnicismos  artesanais, artísticos e sociais de diferentes culturas e tribos, sendo meios de clara inspiração e criatividade, que atraem novos artistas nas suas abordagens plásticas. A arte Aborígene, Indiana e Africana, são bons exemplos deste retomar de enraizamento intemporal, subjugando com um reinventar destas referências antropólogas, sendo um retorno discreto do homem às suas origens, e às concepções animistas da Natureza.
 Inês d'Espiney manifesta em suas obras, onde se destaca a pintura, uma atracção pelo primitivismo tribal, principalmente de cariz africano, fundindo-se em simbiose com a Arte Bruta, resultando numa linguagem de forte carga expressionista, onde a cor tem um papel predominante na interpretação de seus conteúdos. Neste deambular colorido, tematicamente a figuração surge com representações faciais, diria antes bustos, que se inserem numa mescla de pinceladas soltas, superficiais e carregadas de matéria, surgindo em sua superfície acidentados relevos, que dinamizam as composições estilizadas.
 As figuras encontradas nos trabalhos da artista, revelam-nos um mundo marginal e dogmático, alegoricamente positivo e com grande pretensão humanista, que não invalida ser uma certa crítica social mascarada, relativa às deficiências e desequilíbrios da sociedade moderna, que se acentuam cada vez mais.
 A artista em questão, poderá se inserir igualmente a nível de expressão plástica e  ideologia, com outro artista já aqui divulgado no blog (Cartier), onde ambos, se aproximam dos mundos pictóricos de artistas alemães bem conhecidos, tais como André ButzerJonathan Meese ou o americano Jean Michel Basquiat, no entanto, convém salientar que estes artistas lusitanos, exploram o seu próprio caminho, diferenciando-se dos referidos.

19 dezembro, 2010

Filipe Matos

"A procura...",  Acrylic and Enamel on paper, 140x150 cm, 2010

 A descontrução do mundo real nas artes plásticas, são abordagens muito familiares na arte contemporânea actual, sendo os mais diferentes mediums utilizados para a sua abordagem. A linguagem plástica na pintura, tem um papel determinante neste conceito de ideias, que destabilizam o senso comum fragmentando,  assimilando informação e conceitos abstractos, que dinamizam o pensamento intelectual, reafirmando assim, o homem como um ser que se distingue dos demais.
 Provavelmente esta abordagem analítica das questões universais, tornam o homem distante de toda a grandeza que o rodeia, no entanto, aproximam-no do entendimento geral do funcionamento e da sensibilidade cósmica, onde a sua presença é simplesmente microscopia.
 Os trabalhos de Filipe, exploram o espaço estrutural da construção edifícia e de sua visibilidade conceptual no entendimento de seus habitantes, recriando objectos residenciais e de conteúdos, que visualmente preenchem requisitos anormais do entendimento lógico que temos deles. Dentro desta visão de aspectos ,que se desconstroem ciclicamente e se recompõem, avistamos os peões deste jogo figurativo, sendo eles habitantes provisórios de suas próprias construções, que tanto remetem-nos para o monumental, tecnológico ou rústico.
 A exploração do que é incerto,oculto e fora de contexto, surge-nos também  em diferentes perspectivas  pelo artista, onde este explora imagens habitadas por anónimos sem rosto, que se deslocam pelas referências políticas ou comercias, demonstrando assim uma clara crítica social . No entanto, esta temática compatibiliza-se com a exploração construtiva anteriormente referida,  pois ambas caminham pelo entendimento do processo artístico, em que os elementos associados à construção civil ,se sobrepõem nesta apropriação de factores sociais, invocando discretamente o pensamento plástico na arte, e o lugar que ela ocupa na sociedade geral.
 Tecnicamente as obras deste artista, utilizam fundamentalmente o desenho e a pintura,  onde cores opacas e sujas, de forte expressividade plástica, ganham vida no fundo branco ,que compõem a própria composição dos trabalhos,  criando assim uma certa sensação de inacabado, propositadamente criada.

15 dezembro, 2010

Inês Amaro


"Cães em paisagem espelhada",  Acrylic on canvas, 80x60 cm, 2010

 Independentemente das diferentes expressões linguísticas, que vão surgindo actualmente no mundo da contemporaneidade da arte, e dos novos mediuns, onde proliferam cada vez mais abordagens tecnológicas, o figuracionismo na pintura, irá se manter sempre como um elo de apropriação artística. Poderá este nem sempre estar associada às novas tendências de exploração contemporânea, no entanto, seu conhecimento e prática, deveriam ser sempre uma das estruturas basilares para a criação e evolução de um artista plástico, que nunca deveria esquecer as origens primárias da arte.
 Inês Amaro sendo uma convicta da figuração na pintura, explora em suas obras de médio formato associações de dualidade, onde as composições adquirem simetrias de construção, ou porque não projecções que  espelham o seu congénere. Nestas abordagens pictóricas, que tanto nos transmitem senso de harmonia ou introspecção, auxiliados pela organização do espaço e dos elementos da pintura, deparamos-nos com a apropriação de um grande sentido de cor e de formas estilizadas ,que muito se aproximam de silhuetas, no entanto coloridas.
 No seu todo, as obras de Inês, pragmatizam-se claramente por uma certa afinidade com a temática paisagística e surreal, já encontrada em antigas pinturas, onde predominava uma certa nostalgia e melancolia, adensada por uma certa monocromática tendência plástica, onde figuras, provavelmente familiares da artista, contemplavam-se em situações fotográficas usuais, onde o desmembramento corporal criava um halo de mistério. Esta mesma aura de neblina mística, surge em seus mais recentes trabalhos, no entanto as cores seleccionadas remetem-nos para um mundo mais colorido, em que o conjunto de toda a figuração,  elucide-nos vagamente para uma interpretação que poderá ter alguma carga política e social, como por exemplo a igualdade entre povos e raças, ou mesmo uma certa tendência sentimental e verdadeira pelos direitos dos animais.
 A simplicidade e a profundidade sensitiva,  são provavelmente os adjectivos adequados para definir a artista em questão, pois nem sempre a parafernália de tecnicismos artísticos e complexas composições, conseguem ter um resultado final de qualidade expressiva.

13 dezembro, 2010

Paulo Barros


" s.t ",  Mix Media on target (alvo), diameter 120cm, 2010

 A experimentação técnica e visual, sempre acompanharam o processo individual de cada artista na procura de sua identidade criativa, esta metodologia de erro e acerto, independentemente das influências externas,  é fundamental na descoberta de uma linguagem própria,  onde cada obra adquire no seu conjunto uma personalidade única que associamos a um determinado artista, mesmo que este não seja mencionado como o autor da mesma. Este caminho de descoberta pessoal, não nos irá surgir como é óbvio, num curto espaço de tempo, tal como na evolução biológica,social ou científica, várias etapas tiveram que surgir, para que o conhecimento fosse aprimorado.
 Paulo Barros sendo um artista em evolução, apresenta-nos criações que se poderão repartir em três áreas de criação, na sua primeira abordagem encontramos a pintura e o desenho de tendência ilustrativa, com influências psicadélicas na composição dos vários elementos ornamentais, claramente inspirados por  elementos do mundo natural , onde o arranjo caótica das formas nos transportam para a sua unicidade. Neste mesmo contexto de exploração de naturística, que se poetizam em imagens, surge-nos um outro processo de criação,  paisagens de âmbito abstracto ou minimalista, que manifestam harmonia ou energização, sendo em algumas delas utilizado determinada experimentação, que influência directamente a abordagem seguinte.
 O trabalho global do artista, adquire maior potência de interacção com o observador, na sua terceira secção criativa,  neste novo processo, surge uma fusão com as anteriores apresentações, criando assim uma linguagem que se apropria ciclicamente de uma mutação de diferentes estudos e esboços, que se reciclam  em matéria plástica, onde a técnica da colagem actua de forma crucial nestes novos conteúdos, que se acidentam entre si, criando composições imersas de aparos e fragmentos, remetendo-nos para um caos, onde a ordem tenta proclamar a sua autoridade, no entanto, esta é subjectiva, pois a desordem não omite totalmente a sua fraqueza, resultando simultaneamente numa abstracção visual e figurativa, onde estilhaços de diferentes tempos passados e etapas , se conjugam num todo, criando uma nova obra.
 A exploração será provavelmente o adjectivo que melhor define este artista, em que a sucedância de camadas de gostos pessoais e individuais, se associam a uma glorificação e admiração pelos diferentes aspectos da vida, quer sejam eles positivos ou de menor negação.

09 dezembro, 2010

Cristina Perneta


" Energia Vital ",  Instalation with heather (urzo), 2010

A Natureza sendo soberana, violenta e bela, sempre vitalizou e inspirou criativamente artistas de todo o mundo, nas mais diferentes épocas. O próprio homem primitivo, reverenciava todo explendor de "Gaia", e  seu poder inquestionável, que lhe permitia a sobrevivência, prestando-lhe assim inúmeras formas de agradecimento com rituais específicos, o mesmo aconteceu artisticamente, criando pinturas rupestres e esculturas arcaicas em seu nome.
 A veneração e submissão intrínseca pelo Natureza, repleta de fauna e flora, reflectio-se ao longo da história nas mais diversas artes, o desenho e a pintura foram uma delas, onde o movimento Impressionista teve muitos naturalistas, que exploravam tematicamente em suas pinturas os elementos da paisagem. O culto pela Natureza toma novos caminhos na década de 60, no auge da Flower Power, surgindo aqui o movimento artístico designado por  Land-Art, que viria a causar um grande impacto na arte moderna, surgindo pela primeira vez uma linguagem ecologista e ambientalista nos conceitos artísticos, sendo estes mesmos factores que inspiram a artista que iremos falar.
 Cristina Perneta é uma artista multi-facetada, que explora diferentes meios e técnicas de expressão, todas as suas obras sejam elas pintura, desenho, fotografia ou instalação, tem um dominador comum, a sua paixão profunda por "Natura", sentimento este que pessoalmente também me aproprio. Os trabalhos criados pela artista, exploram visualmente a figuração orgânica, sendo muitos deles construídos com materiais provenientes da própria Natureza. Toda a sua obra pretende criar um elo de contemplação entre o observador e o mundo natural, direccionando-o para uma consciência ambientalista e um sentimento profundo quase religioso. Esta religação com a entidade divina da própria natureza, é algo que à muito se perdeu, tendo a revolução industrial contribuído para tal, tornando o homem moderno num ser apático e frio, vazio de sentimentos com a plataforma onde habita e do qual sem ela não sobreviveria, algo que os seus   seus antepassados respeitavam profundamente.
 Finalizando, poderemos dizer que a artista cria com o objectivo de exorcizar, no bom sentido, as suas mais profundas afinações com a beleza que lhe rodeia, remetendo-nos assim para o ciclo natural de energia telúrica e divina.

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