Sejam bem-vindos ! O objectivo deste blog é divulgar Artistas Portugueses que se enquadrem no movimento artístico contemporâneo, tendo como principais ferramentas de expressão: a Pintura ( meio que o blog privilegia), Desenho, Escultura, Instalação e Video-Art. O critério de selecção está directamente relacionado com o Conceito, Qualidade e Criatividade dos artistas, independentemente de estes serem conceituados ou não, no entanto a escolha tem como prioridade a selecção de artistas pouco conhecidos e por descobrir,mas que demonstrem uma verdadeira paixão pela arte, não esquecendo é claro a qualidade das suas propostas criativas.

....Arte Contemporánea por Artistas Portugueses....

...Contemporary Art by portuguese Artists....

24 novembro, 2010

Bruno Balegas


" Package ",  Coal on paper, 100 x 70cm , 2010

 O retrato artístico, para além da paisagem, pode-se considerar o mais intensamente representado em toda a história da Arte, afirmando-se como género autónomo no século XIV, após ter sido utilizado por outras civilizações antigas com finalidades diversas, desde comemorativa, religiosa ou funerária. Historicamente a difusão retratista sempre acompanhou a realeza da corte e da burguesia, sendo consideradas aquisições de luxo por seus proprietários, dando ao artista um estatuto muito nobre.
 No princípio do século XX, uma reviravolta surge no retrato clássico da pintura e escultura, provavelmente muito pelo aparecimento da fotografia, obrigando assim os artistas a descobrirem novos caminhos para a prevalência do género, movimentos como o Impressionismo e o Cubismo contribuíram muito para as experimentações dos artistas contemporâneos, onde Chuck Close, poderá se considerar um dos mais representativos.
 As pinturas e desenhos de Bruno Balegas, divagam pela figuração do rosto, não sendo retratos, também não recusão a sua fonte, seus trabalhos tendem a explorar a expressividade e personalidade oculta dos indivíduos anónimos, surgindo-nos com rostos fantasmagóricos e cadavéricos, muito salientados pela plasticidade cromática da cor branca, cinza ou negro, renegando assim restantes cores que possam atribuir uma aura alegre dos planos gerais de sua pintura. Esporadicamente utiliza o vermelho ou violeta, que adensam a atmosfera misteriosa e pesada de suas obras, no entanto, não devemos conectá-las com um negativismo pré-concebido, mas antes, como entidades que coabitam entre nós, ou seremos nós que vivemos nelas...?!
 O expressionismo contemporânio que atribuímos aos trabalhos de Balegas, principalmente em obras mais recentes, onde os rostos retratados metamorficamente desvanecem o reconhecimento dos mesmos, aproximam-se vagamente das faces criadas por Francis Bacon, após esta afirmação não deveremos claro depreciar o seu trabalho, trata-se somente de um certo " déjà vu" momentâneo.
 Os caminhos explorados pelo artista, pretendem assim direccionar-se para a interiorização do "eu", considerando a imagem que entendemos que temos, mas que simultanemante nos distância de nós próprios, em que o auxilio de factores externos encontra-se bem presente, criando consequentemente um "eu mitológico".

23 novembro, 2010

Catarina Almeida


" s/t ",  Pen on paper, 14cm x 21 , 2009

 O desenho e a pintura usados simultaneamente como linguagens de expressão plástica num mesmo suporte, tendem a interagir com o observador de uma forma muito particular, os pormenores técnicos de ambos revelam-nos por vezes as etapas de sua construção, tal como a planta de um edifício, que nos regula em toda a sua estrutura. As criações de Catarina Almeida estão relacionadas com experimentação visual, utilizam estes dois meios clássicos de representação artística, no entanto, tendem tematicamente fugir à alienação da figuração. 
 Os trabalhos da artista aproximam-se da obra de Julie Mehretu, artista contemporánea muito conhecida pelos seus trabalhos de grande escala, onde a abstracção desvenda sistemas de difícil descodificação, mas convenhamos, as obras de Catarina, sendo similares em alguns aspectos da artista mencionada, caminham em direcções próprias, as áreas por si criadas, são transportadas para diferentes suportes, que tanto poderão ser papel de engenharia, outras suas variantes ou até mesmo a clássica tela.
 Os sistemas como meios de regulação de fenómenos, orgãos e doutrinas, surgem em suas obras, fazem-nos alusões a condensações unicelulares, ou a mapeamentos de locais indecifráveis. A organização de ambos e seu modo de interecção, revelam acções de globalização e dispersão de suas actividades, o ritmo e a repetição aleatória são valores que poderão ser encontrados no seu conjunto.
 A simplicidade individual e colectiva das formas, é um processo que a artista procura desenvolver, sensorialmente remetem-nos para espaços e universos que ora são microscópios, ou de grandeza disfarçada, devido à sua perspectiva visual e dimensão do suporte. Esta abstracção que poderá ter origens orgânicas ou meramente disfuncionais, não invalida futuras aproximações à figuração pela artista, processo este já utilizado em algumas obras passadas.

18 novembro, 2010

Daniel Figueiredo


" Caminhos Cruzados ",  Woodcut (Xilogravura), 35cm x 50 , 2008

 A gravura sendo um processo artesanal e artístico muito antigo, foi utilizado por vários povos como método de estampagem de tecidos ou até mesmo de impressões em  papel, sociedades como a Egípcia, Indiana, Árabe e Chinesa estão entre elas. Esta mesma técnica, que se poderá dividir em diferentes meios de aplicação e distintos processos, desde a Xilogravura, Monogravura, Litografia, Água Forte etc. sempre foram utilizados ao longo dos séculos como meio artístico, e alternativa às técnicas habituais de desenho e pintura, em que se poderá exemplificar o excelente uso que o Pintor Albrecht Durer fez da mesma, tal como de artistas contemporáneos recentes, Baselitz, Penck ou mesmo Paula Rego.
 As gravuras de Daniel são muito diversificadas a nível técnico, pois o próprio artista explora os diferentes meios processuais na sua execução, no entanto, todas as suas criações tem um dominador comum, a geometria e a figuração encontrada em seus trabalhos, tendem adquirir características similares onde a repetição, ritmo, linha e padrão fazem uma alusão indirecta ao universo orgânico das formas. Por vezes, encontramos em suas obras, representações lúcidas e simples da figura humana, assumindo determinadas posturas relativas a alguma situação, que para nós observadores é nos incerta.
 Futuramente seria de interesse conceptual apreciar em seus trabalhos uma fusão a nível da composição destes dois mundos referenciados, em que o processo matemático das formas preenchesse a figuração, e esta, integrando-se no mundo de seu aliado, revelando-nos assim no seu todo a harmónica e equilibrada complexidade. Independentemente dos caminhos visuais que o artista poderá percorrer, deveremos respeitar e admirar suas escolhas, bem como o uso ancestral das técnicas utilizadas por todos aqueles que mantém a tradição da gravura viva.

13 novembro, 2010

Cristina Troufa


" Mulher ", Acrylic on canvas, 80x80, 2008

 A figura feminina sempre foi um elemento muito explorado no mundo das artes, tendo sido pintura o meio mais evasivo na sua representação. Desde o periódo do renascimento até aos nossos dias, a imagem da mulher foi transcrita de inúmeras formas, sendo as razões de sua escolha muito abrangentes, mas convenhamos, a beleza da mulher sempre prevaleceu em relação ao aspecto masculino, pois em periódos longínquos da história da humanidade, nas sociedades matriarcais, a mesma era representada por divindades que a associavam à mãe natureza, sendo o poder da fertilidade que ambas partilham, considerado um acto mágico.
 Cristina Troufa explora de forma inconfundível o mundo "rosa", diria mesmo que o movimento feminista é reinventado, não de uma forma política, muito pelo contrário, as suas pinturas puramente figurativas levam-nos ao encontro emocional e à sensibilidade da mulher, referenciando e afirmando suas atitudes, memórias, medos ou porque não uma certa nostalgia, onde o discurso emocional de seus rostos e anatomia, partilham o seu espaço com outras figuras animadas, essencialmente por animais, que assumem um papel análogo na interpretação conjunta dos elementos da composição. 
 O retratismo artístico funciona como cunho da afirmação das emoções que afloram gestualmente, dando-nos assim uma perspectiva mais verdadeira do figurino transformado em modelo. A perfecção técnica na execução de suas pinturas, é adicionado com cores puras e claras que são aplicadas como motivos de fundo, direccionando-nos para um hipotético estado de alegria, contrastante com a teatrilidade da cena "impressa" no suporte.
 Provavelmente o trabalho por mim seleccionado, poderá não ser o mais representativo do universo explorado pela artista, a razão para tal, deve-se provavelmente de este mesmo se afastar timidamente de seus "parceiros" pictóricos, tratando-se de uma nova linguagem, que seria interessante explorar futuramente em suas obras, pois a contínua criação das mesmas fórmulas ofusca a experimentação contemporánea, que sabe bem por vezes apreciar.

11 novembro, 2010

Fernando Andrade


" s/t", Acrylic, Enamel, Ink printing machine and Cellulosic Varnish on canvas, 100x120, 2009

 O ser humano é considerado maioritariamente como a entidade que alcançou o maior estágio de evolução, possuindo inúmeras capacidades que vão muito além de outros seres terrestres. A articulação da linguagem, o raciocínio abstracto, os pensamentos e emoções, são apenas algumas de suas espantosas qualidades, no entanto, nem sempre são vinculadas nas direcções mais acertadas, contribuindo assim para a destituição do equilíbrio que deveria ser harmonioso, sendo a essência principal encontrada na Natureza, nas suas mais diversas formas e sistemas.
 Os trabalhos de Fernando Andrade regra geral, para além de outros onde o conceptualismo é encontrado,  seguem um caminho da inconformalidade dos aspectos negativos da sociedade geral onde vivemos, noticiando as agressões físicas, mas acima de tudo mentais ao seu congénere, pois o homem sendo um ser racional, tende a ter acções bem opostas aquilo que deveria prevalecer, ou seja, a empatia e ajuda pelo próximo.
 Palavras bem fortes como o totalitarismo do ego, a subordinação social e o prazer egoísta, sendo ambas com  pretensões lucrativas, indiferentemente de serem materiais ou não, flutuam nas suas pinturas, onde o figurativismo desvanece ao olhar, de encontro a uma representação simples nas suas imagens, no entanto tornam-se bem distintas no contexto que habitam. A exploração técnica de texturas e cores que descobrimos em suas criações,  funcionam como elementos de afixação de sentimentos e estados de alma, que por vezes são difíceis de representar visualmente.

07 novembro, 2010

Joanna Latka



" 4_Oeiras", Indian Ink and Ecoline on card, 100x100, 2008

 Esta nova entrada em Lvsitanic Art poderá suscitar alguma curiosidade, pois trata-se de uma artista de naturalidade Polaca, no entanto, como actualmente reside em Portugal, penso que seja de interesse ser aqui referida. Os trabalhos de Joanna Latka,  na sua primeira impressão dão-nos a sensação de estarmos perante uma artista que divaga pelo primitivismo da arte Naif, ou por uma grande proximidade da Art Brut.
 O figurativismo disfuncional que nos é apresentado, onde as perspectivas visuais e gráficas adquirem valores anormais da nossa realidade, são nos bem familiares, ilustrando e retratando situações comuns que encontramos ao virar da esquina. De um ponto de vista mais analítico, poderemos mesmo referir que estamos perante a documentação das estruturas que nos  envolvem, tal como ainda mais acentuadamente a nossa própria sociedade, nas suas mais diversas situações, onde a própria artista se retrata esporadicamente nos seus trabalhos, sendo ela mais um figurino de suas composições.
 As estranhas figuras caricaturadas no seu espaço envolvente, transformam este mesmo, em locais claustrofóbicos ou até mesmo assustadores, onde simultaneamente a alegria também se encontra presente, dando-nos uma falsa percepção de estarmos perante um traço infantil, mas com uma visão adulta e contemporânea.
 No seu todo, os desenhos criados a tinta da china e com subtis manchas coloridas, transbordam de vivacidade, energia e movimento, palavras estas que as associamos directamente com os centros urbanos ou lugares com uma certa quantidade de habitantes, onde estranhos e por vezes conhecidos, se cruzam diariamente.

02 novembro, 2010

Ricardo Crista


" Crack ", Mix Media on canvas, 90x90, 2010

 O trabalho artístico de Ricardo Crista, tem como principal fundamento, a exploração da composição geométrica e o cromatismo associado à ilusão óptica. As linhas verticais tal como as horizontais, são algumas das formas que prosperam nesta pintura simples mas interessante de associações construtivas.
 Em seus trabalhos mais recentes, nota-se a existência de um certo realismo disfarçado pela abstracção não fundamentada, mas controlada, dando-nos  a sensação de estarmos perante pinturas inacabadas e incompletas, que no seu processo de construção, as linhas criadas com o auxílio de fitas adesivas, delimitam as linhas da composição, permitindo assim o perfercionismo de suas direcções, sem desníveis topográficos. É neste ponto que nos questionamos de sua existência, terão estas fitas sido esquecidas e abandonadas, ou simplesmente esperam a secagem das cores frescas nas áreas adjacentes e fronteiriças?  Após uma observação mais cuidada, descobrimos que as fitas são pintadas de forma hiper-realista, provocando um efeito de trompe-l’oeil, sendo esta uma técnica artística que, com truques de perspectiva, cria uma ilusão óptica mostrando objectos ou formas que não existem realmente.
 Mais um vez nos questionamos a razão pela qual o artista empreendeu tal esforço na representação destas fitas, serão elas os elementos fundamentais que ostentam toda a composição, sendo os alicerces e as juntas de junção das fromas criadas e do seu espaço envolvente, em que sem elas toda a pintura se poderia desmoronar que nem um castelo de cartas? Ou será mesmo a intenção do artista de criar interrogações no observador, que poderão ser caricatas? Seja qual for a razão, uma coisa é certa, a abstração criada, tem assim um valor acrescido de interesse, afirmando assim a razão de sua existência.

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