"...", Acrylic on wood, ...x...cm, 2010
Na criação artística contemporânea, sempre existiu uma apropriação da tradição clássica, e de etnicismos artesanais, artísticos e sociais de diferentes culturas e tribos, sendo meios de clara inspiração e criatividade, que atraem novos artistas nas suas abordagens plásticas. A arte Aborígene, Indiana e Africana, são bons exemplos deste retomar de enraizamento intemporal, subjugando com um reinventar destas referências antropólogas, sendo um retorno discreto do homem às suas origens, e às concepções animistas da Natureza.
Inês d'Espiney manifesta em suas obras, onde se destaca a pintura, uma atracção pelo primitivismo tribal, principalmente de cariz africano, fundindo-se em simbiose com a Arte Bruta, resultando numa linguagem de forte carga expressionista, onde a cor tem um papel predominante na interpretação de seus conteúdos. Neste deambular colorido, tematicamente a figuração surge com representações faciais, diria antes bustos, que se inserem numa mescla de pinceladas soltas, superficiais e carregadas de matéria, surgindo em sua superfície acidentados relevos, que dinamizam as composições estilizadas.
As figuras encontradas nos trabalhos da artista, revelam-nos um mundo marginal e dogmático, alegoricamente positivo e com grande pretensão humanista, que não invalida ser uma certa crítica social mascarada, relativa às deficiências e desequilíbrios da sociedade moderna, que se acentuam cada vez mais.
A artista em questão, poderá se inserir igualmente a nível de expressão plástica e ideologia, com outro artista já aqui divulgado no blog (Cartier), onde ambos, se aproximam dos mundos pictóricos de artistas alemães bem conhecidos, tais como André Butzer e Jonathan Meese ou o americano Jean Michel Basquiat, no entanto, convém salientar que estes artistas lusitanos, exploram o seu próprio caminho, diferenciando-se dos referidos.