" Package ", Coal on paper, 100 x 70cm , 2010
O retrato artístico, para além da paisagem, pode-se considerar o mais intensamente representado em toda a história da Arte, afirmando-se como género autónomo no século XIV, após ter sido utilizado por outras civilizações antigas com finalidades diversas, desde comemorativa, religiosa ou funerária. Historicamente a difusão retratista sempre acompanhou a realeza da corte e da burguesia, sendo consideradas aquisições de luxo por seus proprietários, dando ao artista um estatuto muito nobre.
No princípio do século XX, uma reviravolta surge no retrato clássico da pintura e escultura, provavelmente muito pelo aparecimento da fotografia, obrigando assim os artistas a descobrirem novos caminhos para a prevalência do género, movimentos como o Impressionismo e o Cubismo contribuíram muito para as experimentações dos artistas contemporâneos, onde Chuck Close, poderá se considerar um dos mais representativos.
As pinturas e desenhos de Bruno Balegas, divagam pela figuração do rosto, não sendo retratos, também não recusão a sua fonte, seus trabalhos tendem a explorar a expressividade e personalidade oculta dos indivíduos anónimos, surgindo-nos com rostos fantasmagóricos e cadavéricos, muito salientados pela plasticidade cromática da cor branca, cinza ou negro, renegando assim restantes cores que possam atribuir uma aura alegre dos planos gerais de sua pintura. Esporadicamente utiliza o vermelho ou violeta, que adensam a atmosfera misteriosa e pesada de suas obras, no entanto, não devemos conectá-las com um negativismo pré-concebido, mas antes, como entidades que coabitam entre nós, ou seremos nós que vivemos nelas...?!
O expressionismo contemporânio que atribuímos aos trabalhos de Balegas, principalmente em obras mais recentes, onde os rostos retratados metamorficamente desvanecem o reconhecimento dos mesmos, aproximam-se vagamente das faces criadas por Francis Bacon, após esta afirmação não deveremos claro depreciar o seu trabalho, trata-se somente de um certo " déjà vu" momentâneo.
Os caminhos explorados pelo artista, pretendem assim direccionar-se para a interiorização do "eu", considerando a imagem que entendemos que temos, mas que simultanemante nos distância de nós próprios, em que o auxilio de factores externos encontra-se bem presente, criando consequentemente um "eu mitológico".
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